O que esperar do interrogatório de Bolsonaro no STF
Redação Online
Publicado em 11 de junho de 2025 às 11:28 | Atualizado há 1 dia
O Supremo Tribunal Federal (STF) está conduzindo os interrogatórios dos réus acusados de planejar um golpe de Estado em 2022, numa tentativa de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após sua derrota eleitoral. As audiências, lideradas pelo ministro Alexandre de Moraes, tiveram início em 9 de junho de 2025, com previsão de término em 13 de junho.
Acusações
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa os réus, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, de integrarem um “núcleo crucial” de uma organização criminosa com o objetivo de subverter a ordem democrática
. As acusações englobam crimes como tentativa de golpe de Estado, supressão de direitos democráticos, formação de organização criminosa armada, além de agravantes como violência, ameaça ao patrimônio da União e danos a bens tombados.
Os Réus e seus envolvimentos
O grupo central da suposta conspiração é composto por oito réus:
- Mauro Cid: Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou acordo de delação premiada, já prestou seu depoimento.
- Alexandre Ramagem: Deputado federal e ex-diretor da Abin, também já depôs. A PGR o acusa de auxiliar Bolsonaro na disseminação de mensagens contra as urnas eletrônicas e de usar a estrutura da Abin para fins ilegais.
- Almir Garnier: Ex-comandante da Marinha, acusado de disponibilizar as tropas da Marinha a Bolsonaro para ações golpistas.
- Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça.
- Augusto Heleno: Ex-ministro do GSI.
- Jair Bolsonaro: Ex-presidente da República, apontado como líder da organização criminosa, acusado de disseminar ataques ao sistema eleitoral, editar a versão final do decreto golpista e pressionar os militares.
- Paulo Sérgio Nogueira: Ex-ministro da Defesa.
- Walter Braga Netto: Ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro.
O andamento dos interrogatórios
Os interrogatórios estão ocorrendo na Primeira Turma do STF, sob a condução do ministro Alexandre de Moraes. A ordem dos depoimentos segue a ordem alfabética, com exceção de Mauro Cid, que foi o primeiro a depor devido ao seu acordo de delação premiada. As audiências estão sendo transmitidas ao vivo pela TV Justiça.
Depoimentos anteriores
- Mauro Cid: Em seu depoimento, Cid confirmou o conteúdo de sua delação premiada, afirmando que Bolsonaro recebeu, leu e alterou uma minuta golpista. Ele também mencionou que o almirante Almir Garnier ofereceu as tropas da Marinha.
- Almir Garnier: Investigações da Polícia Federal (PF) indicam que o almirante ofereceu as tropas da Marinha a Bolsonaro para ações golpistas durante uma reunião em 2022.
- Augusto Heleno: Heleno negou ter conhecimento do plano “Punhal Verde e Amarelo” e afirmou que a Abin nunca foi utilizada para fins ilícitos.
Expectativas para o depoimento de Bolsonaro
Antes de seu depoimento, Bolsonaro expressou a intenção de apresentar vídeos durante o interrogatório e negou as acusações de tentativa de golpe. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pedido da defesa para exibir os vídeos, argumentando que o interrogatório não é o momento apropriado para apresentar novas provas que não foram formalmente incluídas no processo. Bolsonaro também minimizou as declarações de Mauro Cid.
Próximos os
Após a fase de interrogatórios, acusação e defesa terão a oportunidade de solicitar diligências adicionais. Em seguida, será aberto um prazo de 15 dias para as alegações finais. Os réus negam as acusações, e Bolsonaro alega ser vítima de perseguição política. Se condenado por todas as acusações, Bolsonaro pode enfrentar uma pena de mais de 40 anos de prisão.